03 maio Nosso adjunto
Acho que bem poucos sabem o que é “adjunto”. Não me refiro à gramática, aos adjuntos adnominais e adverbiais. Falo de um costume sertanejo, o de juntar pessoas para realizar tarefas. Meu avô paterno fazia “adjunto” para colher o arroz que plantava, no tempo em que havia agricultura no nordeste e num ano bom de inverno tinha safra de até 800 quartas. Cada quarta pesa 60 quilos, o que dá 48000 quilos. Era arroz demais para a época. Uma festa!
Por esses dias fiz um “adjunto” para colher leitores pro meu blog. Wellington Melo, José Inácio Vieira de Melo, Rosane Brito e José Neto foram os primeiros arregimentadores. Outros foram entrando na empreitada (dizia-se impeleitada), apanhando o arroz pelas beiras, como Cissa e Emanuel Leandro. Havia nas colheitas os que cantavam, animando o trabalho nos eitos. Esses foram os que deixaram mensagens de estímulo: Vládmir Combre, Inez Figueiredo, Salete Oliveira, Malba Vellame, Luciana Felix, Marta Cohen, Raquel Cruz, Sibéria Menezes, Mazé Anunciação, Glauce Souza, Marco Antonio, e me perdoem se esqueci alguém. Sempre acontece.
Aprecio os trabalhos coletivos, talvez por isso eu ame o teatro e faça um “adjunto” de 300 artistas e artesãos para tornar possível o Baile do Menino Deus, no Marco Zero, todo ano. É a nossa grande colheita de Natal. Somando os três dias, são 70.000 pessoas celebrando o Baile. Mais quartas do que colhia o meu avô José Leandro.
O blog está me parecendo uma construção coletiva, se não há leitores comentando, dando pitaco, ele não funciona. Sem os adjuntos de 60 ou mais pessoas, o arroz do meu avô secava no pé, os passarinhos comiam no cacho e beleléu. Felizmente as pessoas chegavam a tempo para a colheita. Felizmente. Vamos ao nosso plantio e à colheita. O inverno promete boa safra. Já passamos dos 1000.
Regina Correa
Posted at 16:54h, 04 maioAdoro o modo como escreve, Ronaldo, parece que te conheço e estamos batendo um papo…aguardo a colheita!
Um abraço,
Regina