31 dez Mensagem de Ano Novo
Novas meditações me provaram que as coisas devem avançar com os artistas à frente, seguidos pelos cientistas, e que os industriais devem vir depois dessas duas classes. *
E quilômetros atrás os militares, os religiosos de profissão, os banqueiros, os empresários em geral – sobretudo os do agronegócio –, os políticos, os juízes de todas as instâncias, os mequetrefes, etc. etc. etc.
Peço desculpas a todos os amigos escritores que me enviaram livros e eu não pude ler por falta de tempo, deixei-os repousando sobre a mesa de trabalho, de onde me olham, esperando a vez de serem abertos. Rogo que me desculpem pelos e-mails não respondidos, as mensagens que sequer li. Em 2019, quem sabe… O ano novo guarda em si todas as impossibilidades e possibilidades. Vou me esforçar, inventarei horas.
Para quem iremos escrever? Que livros iremos escrever a partir de agora? A única certeza é que devemos escrever, escrever muito. André Gide dizia que não cabe falar de arte quando entra em cena a ideia de bater recorde. Não escreveremos para vender, nem para ocupar a lista dos mais vendidos. Escrevemos como resistência, luta e afirmação daquilo em que acreditamos. Estamos no front.
O cadáver que plantaste ano passado em teu jardim
Já começou a brotar? Dará flores este ano?
Ou foi a imprevista geada que o perturbou em seu leito? **
Plante, mesmo as sementes imprevisíveis de brotar. Delas rebentam flores admiráveis.
Feliz 2019!
* Henri De Saint-Simon
** T. S. Eliot
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