Eu canto o trabalho que liberta (com mote de Walt Whitman) | Ronaldo Correia de Brito | site oficial
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Eu canto o trabalho que liberta (com mote de Walt Whitman)

Diário da epidemia 17

(sexta-feira, 22 de maio)

Eu canto o trabalho que liberta (com mote de Walt Whitman)

Trabalho é liberdade, afirmava Mira Alfassa, mais conhecida por A Mãe.
Se você não trabalha, alguém terá de fazê-lo no seu lugar,
observou Tchekhov.
Nesse tempo em que nos pedem ou obrigam que fiquemos em casa,
é necessário encontrar uma medida justa do que é trabalho.

Por isso eu louvo o verdureiro que passa na minha porta com a carroça,
de máscara e luvas, oferecendo os produtos da horta.
Pergunto porque não se resguarda em casa
e ele me responde que precisa alimentar a família e as pessoas do mundo.
Almoço suas alfaces e agradeço existirem homens que
arriscam a vida pela vida dos outros.

Louvo os patrões altruístas, que dispensaram os funcionários
para guardar a quarentena,
e pagam integralmente seus salários,
sem nenhum desconto.
Esses, com certeza, se consideram iguais aos seus iguais.

Admiro a açougueira idosa que abastece nossa mesa de carne
e me recomenda cuidado com a saúde.
Trabalha pela necessidade de trabalhar,
nunca porque mandam os que só pensam em acumular capital
e em garantir o lucro dos que lucram em excesso.

Louvo os médicos, meus colegas de profissão,
mesmo os que teimam em não enxergar os erros de um presidente
despreparado para o cargo, ignorante do senso comum, da lei e da história.
A coragem desses profissionais em enfrentar a morte,
com o risco de suas próprias vidas, os redime e os glorifica.

Exalto os trabalhadores da saúde, enfermeiras, enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas, maqueiros, serventes,  farmacêuticos e tantos que fazem do trabalho um ofício de fé.

Louvo as babás, que largam casa e família para cuidar de crianças que não são os próprios filhos.

Louvo os varredores de rua, funcionários da limpeza pública, trabalhando para manter a cidade com um aspecto digno.

Louvo homens e mulheres da agricultura familiar, dos assentamentos de sem-terra, plantando, colhendo e distribuindo alimentos de qualidade e partilhando com outras famílias mais necessitadas.

Aplaudo os políticos judiciosos, os que não exercem a política como profissão e meio de enriquecer.

E dou viva aos artistas, atores, bailarinos, músicos, escritores, pintores e poetas, que oferecem a todas as pessoas o acesso às dádivas do universo.

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1 Comment
  • Amaro Agostinho dos Santos Junior
    Posted at 18:25h, 22 maio Responder

    Louvemos todos eles!

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