05 fev Sinais do tempo
Considero que é mais fácil editar agora, do que era antes. Surgiram editoras pequenas, embora várias tenham desaparecido ou tenham sido adquiridas por outras maiores. As plataformas da Internet, os blogs, as revistas e jornais eletrônicos ganharam espaço e há mais gente escrevendo. Muitos fazem sucesso nesses formatos, nem se interessam pelo livro impresso. Alguém imaginava que o mercado da música mudaria tão depressa e de forma tão radical? Já não se grava disco, pensando em venda. Escolho o que desejo ouvir e ver e acesso de graça no YouTube. Tornei-me especialista na Paixão Segundo Mateus, de Bach, de tanto assistir com maestros, orquestras e coros diferentes. Se quero, assisto Pina Bausch, Radiohead, brega funk ou um grupo de reisado do Ceará. Leio filósofos, historiadores, poetas e livros raros, que antes eram inacessíveis.
Os leitores brasileiros de livros de papel e e-books continuam poucos, considerando os números de nossa população, embora alguns garantam que eles cresceram durante a pandemia. Há um estratosférico consumo de instagram, whatsapp, twitter e facebook. Não sei o que vai significar no futuro esse novo tipo de escrita e leitura. É novo, cheio de códigos que mudam depressa demais.
Mudaram valores e significados. No Recife, existe um parque de esculturas do artista Francisco Brennand, nos arrecifes do antigo porto. As obras foram pichadas e alguém escreveu reclamando contra isso. Houve polêmica, muitos defenderam que se trata de uma expressão artística da periferia urbana, a voz dos mais pobres clamando para ser ouvida. Confesso temeroso que preferia o conjunto de esculturas como era antes, sem as pichações, embora defenda o direito da periferia se expressar, se manifestar e produzir arte.
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