11 maio Assim não fazemos nada
Num domingo à tarde saí a passeio pelo centro de Genebra. Numa rua, pessoas portando cartazes pediam abraços. Fiquei chocado com o apelo. Nunca imaginei que nosso isolamento humano levaria a esse tipo de súplica. Felizmente, pensei, no Brasil isso nunca acontecerá.
Aconteceu.
Sinto-me carente de abraços e não adianta sair à rua com um cartaz, porque ninguém que siga o protocolo de controle da pandemia irá me atender. Há uma lei e uma ética sanitária que proíbe os abraços.
Durante a Inquisição, o terror era exercido pela Igreja com a ameaça do Inferno. Transgredir a lei podia levar à fogueira na Terra e a queimar para sempre nos Infernos.
Abraçar tornou-se crime sanitário, uma proibição do Estado e da Organização Mundial de Saúde. Ninguém vai preso, mas é culposo. Podemos contrair a Covid-19 ou contaminar outras pessoas.
É bem complexo. O isolamento por medidas sanitárias está sendo bom para os regimes de força. No Brasil, ninguém sai às ruas em protesto, aconteça o que acontecer. Fomos amordaçados com máscaras e acorrentados pelo medo.
As medidas sanitárias servem à prevenção da Covid e a quem deseja que fiquemos parados, inativos, dando sinais de vida apenas pelas redes sociais.
Trata-se de um novo tipo de encarceramento, eficaz e útil ao poder manipulador.
A imprensa esclarece, mas também serve ao terror.
Ainda não compreendi a que mundo chegaremos. Não sei aonde querem nos levar.
A sensação é a de que deixei de ser um homem livre.
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