25 ago Seja bizarro: exponha seu corpo
(Compartilho com vocês uma reflexão do escritor Amós Oz)
A infantilização crescente de multidões no mundo inteiro não é casual. Há quem esteja interessado nela e há quem se aproveite dela, seja em busca de poder, seja em busca de dinheiro. Os que a disseminam, e os que financiam quem a dissemina, querem com todas as forças que voltemos a ser crianças pequenas e mimadas, porque crianças pequenas e mimadas são os consumidores mais suscetíveis à sedução.
Bem diante dos nossos olhos vai se apagando a fronteira entre a política e a indústria do entretenimento. O mundo inteiro passa a ser um “jardim de infância global”. As qualificações necessárias a um candidato para conseguir se eleger são quase opostas às necessárias para liderar e dirigir. Tanto a política como os meios de comunicação tornaram-se um ramo da indústria do entretenimento: como na Roma antiga, os meios de comunicação lançam diariamente aos leões duas ou três vítimas famosas, culpadas ou inocentes, para divertir as massas, desviar sua atenção e sugar seu dinheiro.
Nas eleições, círculos cada vez mais amplos votam em quem consegue emocioná-los ou diverti-los, em quem dá uma banana para as regras convencionais do jogo. Cada vez mais pessoas votam pelo “lance”, pelo “irado”, pelo “barato”, ou pelo “hilário”. A palavra “bizarro” é hoje um elogio entusiástico, assim como “chocante”, “impactante”, “sinistro”, “de enlouquecer” e até mesmo “de morrer” ou “de matar”.
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