Nenhum dia é dia de índio | Ronaldo Correia de Brito | site oficial
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Nenhum dia é dia de índio

Diário do isolamento 24
(sábado, 25 de julho)

Num filme que fez sucesso nos anos oitenta, Pequeno Grande Homem, do diretor Arthur Penn, o chefe cheyenne Velha Pele Curtida decide morrer. Sobe uma colina e se deita no chão, esperando a morte. Espera três dias deitado no chão, imóvel, os olhos fechados. Mas a morte não chega e o índio retorna à sua tribo.

O velho Pele não aguentava mais o genocídio do seu povo, praticado pelo exército comandado pelo general George Armstrong Custer, felizmente morto na batalha conhecida por Little Big Horn.

Por esses dias, trancafiado em meu apartamento, acompanhei as notícias do Brasil, os números da fome, da miséria e das mortes pela Covid. Não enxergo saída para o nosso povo. Sinto-me arrasado.

Lembrei do filme, em que não falta o humor histriônico e canastrão do cinema norte-americano, e também desejei morrer. Deitei-me três dias num sofá, mas como a morte não veio, retomei a vida e os afazeres.

Mas continuo à procura de uma colina, onde eu talvez me deite sob a chuva, como o chefe Velha Pele Curtida.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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