Comprem os meus livros | Ronaldo Correia de Brito | site oficial
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Comprem os meus livros

Um leitor perguntou-me se este blog ajuda a vender livros. Suponho que não. Raramente alguém pergunta por meus romances ou contos. É comum escreverem quando falo mal de jogadores de futebol e de políticos.

Acharia ótimo vender tanto quanto Paulo Coelho e também gostaria que comentassem meus livros. Os leitores preferem textos provocativos, sobre temas polêmicos e atuais. Às vezes passo uma semana resenhando um romance, um mês trabalhando num conto e ninguém comenta. Fotos dão mais retorno. Teimo em gastar a cultura e só consigo isolar-me com ela, perder leitores jovens. 

Esforço-me para alcançar as virtudes a que Ítalo Calvino se refere no livro Seis Propostas para o Próximo Milênio: leveza, rapidez, exatidão, visibilidade e multiplicidade. Também imagino que os leitores gostam de textos leves, rápidos e exatos. Mas porque os escritores de língua inglesa vendem tantos romances folhosos, com centenas de páginas? Será que as pessoas compram porque está na lista dos mais vendidos e não leem?

Quando O Nome da Rosa, do italiano Umberto Eco, tornou-se um dos maiores best-sellers de que se tem notícia, eu estranhei. Embora pareça um romance policial, o livro não é fácil de ler. É cheio de citações em latim, sem traduções no rodapé, e de palavras fora de uso, pois a ação se passa na Idade Média. Mas parece que ninguém se importou com isso.

Vender livros e ser lido continua um mistério para mim. Vejam o sucesso da biografia romanceada de Nietzsche. E o pobre filósofo, que terminou os dias imaginando-se Jesus e Dioniso, louco de pedra, não vendeu cinquenta exemplares de Assim Falava Zaratustra. Acho que os leitores estão mais interessados nos escândalos que cercam as vidas dos artistas do que nas suas criações.

O artista busca comunicar-se com seu tempo. Alguns conseguem, outros não. Felizes os que criam obras geniais e são celebrados em vida, como Shakespeare, Handel e Picasso. Outros morrem incompreendidos, pobres e infelizes como Van Gogh e Rimbaud. Há os que se imaginam gênios e culpam o mundo pelos seus fracassos. Outros são amados enquanto vivem, conquistam fortuna e morrem em meio à glória. Passam-se alguns anos e ninguém mais lembra quem eles foram, porque produziram uma arte que não sobreviveu a eles próprios.

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