admin, Autor em Ronaldo Correia de Brito | site oficial | Página 18 de 36
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Diário do Isolamento 28 (sábado, 22 de agosto) I - Sobre igrejas e Igrejas Num passeio de domingo em Paris, fomos guiados por Anne Lima, editora francesa da Chandeigne, que publicou meu livro de contos Faca – Le jour oú Otacilio Mendes vit le soleil. Isso não faz...

Diário do isolamento 27 (sexta-feira, 21 de agosto) Precisei ir à minha dentista e senti o quanto se tornou complicado viver. Uma restauração feita com amálgama, lá pelos meus 17 anos, fraturou. A primeira parede caiu com o fio dental, a segunda quando eu mastigava uma torrada...

Quantas vezes rodeei essa Praça, onde mulheres giram num círculo infinito, como se esmagassem uvas num lagar? Em vez de produzirem vinho, seus pés chafurdam sangue. São as mães da Praça, Marias de Maio na Praça das Mães. Não me importo de ficar um dia suspenso...

Diário do isolamento 26 (segunda-feira, 10 de agosto) Tivemos um dia dos pais festejado. Pairava a emoção de Natal. Talvez pela reaproximação de famílias separadas há cinco meses, por conta da pandemia. Mesmo com o estarrecedor número de 100.000 mortos, decidimos celebrar a vida. Mesmo órfãos pela partida do Cacique...

Ao invés de torrar a paciência com noticiários políticos na televisão, prefiro ver bons filmes. Assisti novamente Ran, do diretor japonês Akira Kurosawa. Poucas vezes os roteiristas e diretores de cinema conseguem adaptar romances, ou peças de teatro, à altura dos originais. Para o americano...

Diário do isolamento 25 (domingo, 02 de agosto) Não escrevo memórias, nem auto-ficção. As pessoas insistem em achar-me parecido com Adonias, de Galileia, Cirilo, de Estive lá fora, e com Francisca, de Dora sem véu. Não sou nenhum deles, embora narre na primeira pessoa. Perguntaram a Isaac Bashevis Singer: “Por que você...

Alejo Carpentier acreditava que a grande tarefa do romancista americano seria inscrever a fisionomia das suas cidades na literatura universal, esquecendo-se dos tipicismos e costumes. Isso é o mesmo que tomar o partido de uma literatura urbana, negando espaço aos regionalismos. Carpentier nasceu em Cuba,...

A recordação surgiu em São Paulo, no almoço em casa de uma amiga, talvez provocada pelos quadros de Zé Claudio, João Câmara e de outros artistas pernambucanos. – E Baccaro? – Morreu há pouco tempo e parece esquecido. Já vivia morto pela doença que o deixou fora...

Diário do isolamento 24 (sábado, 25 de julho) Num filme que fez sucesso nos anos oitenta, Pequeno Grande Homem, do diretor Arthur Penn, o chefe cheyenne Velha Pele Curtida decide morrer. Sobe uma colina e se deita no chão, esperando a morte. Espera três dias deitado no...

Ganhou o nome Maria Velha quando contrataram empregada nova para a família, uma moça parecendo índia, também com o nome Maria. As crianças continuaram a chamá-la de Baía, a pedir que guardasse pedacinhos do coco que ralava para o bolo, ou que descascasse macaúbas. Sofria...

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