admin, Autor em Ronaldo Correia de Brito | site oficial | Página 27 de 36
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Eu tinha cinco anos quando escutei pela primeira vez a palavra Natal. Meus pais haviam se mudado para o Crato, no Cariri cearense, para que os filhos pudessem estudar. Antes, morávamos no sertão dos Inhamuns, uma das três regiões por onde começou a colonização do...

Quem viu Amarcord, de Fellini? Eu assisti mais de dez vezes. Não há uma única cena do filme que eu não aprecie. Gosto da música de Nino Rota, de Gradisca, Volpina, do maluco tio Teo, do pavão do Conde, da cena final com o casamento...

As pedras queimam as solas dos meus pés. Os tênis de nada servem; melhor seria calçar botas de couro. Talvez eu não tombasse à direita e à esquerda, igual a câmera nas mãos de um cinegrafista inexperiente, deixando vazar a luz para a película, cegando...

Há quem se apresente com a Bíblia debaixo do braço, fale em nome de Jesus e do Exército (que não é o dos anjos do céu). Saudades de Millôr Fernandes e seu “livre pensar é só pensar”. Até o humor anda em baixa nesse tempo...

Vi a foto de uma enfermaria de hospital americano durante a epidemia de gripe espanhola, que matou mais de vinte milhões de pessoas, nos anos dezoito e dezenove do século passado. Na imagem em preto e branco, aparecem dezenas de camas arrumadas em duas fileiras,...

Vale a pena discutir se é mais difícil escrever um romance ou um conto? Segundo Octavio Paz, sem épica não há sociedade possível, pois não existe sociedade sem heróis em que se reconhecer. Jacob Burckhardt foi um dos primeiros a advertir que a épica da...

Dona Madalena foi quem me contou a história. No tempo em que eu tomei por obrigação conhecer e registrar os brinquedos populares de Recife, armado de um pequeno gravador e de uma máquina fotográfica. O meu parceiro Bérgson Queiroz preparou uma lista de vinte perguntas,...

Na festa em que não conheço ninguém, o anfitrião me senta ao lado de um casal, imaginando afinidades. Apresenta-me como um literato nordestino – meu Deus! –, e remexe na memória em busca de algum título que possa ilustrar-me. Depois de um esforço que me...

Na copa de 1970, eu estudava medicina no Recife. Dividia um apartamento com sete colegas, do Cariri e dos Inhamuns. Os estudantes do sul do Ceará escolhiam o Recife como destino. Era histórico, desde que José Martiniano de Alencar, o padre, veio formar-se no Seminário...

Não escutei batuque de maracatu na Feira do Livro de Leipzig. Numa das tardes, havia música num palco próximo, mas não atrapalhava as leituras e conferências. Alguns alemães da nossa comitiva se queixaram, porém o silêncio e a ordem davam o tom da Feira. Os...

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