12
jun
Às vezes, tenho a impressão de que acordei dentro de um pesadelo, na pousada ao lado d’O castelo de Kafka, no planeta Marte de Ray Bradbury, ou em Pompeia, durante a erupção do Vesúvio. Mas estou no bairro de Casa Amarela, no Recife, no Brasil.
Em...
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05
abr
É difícil escrever um romance, sobretudo quando estamos velhos. Mas nem José Saramago nem Alejo Carpentier escreveram jovens. J. M. Coetzee se queixava do peso dos personagens, da dificuldade em carregá-los na velhice. Um memorialista brasileiro, Pedro Nava, escreveu livros volumosos, depois dos oitenta anos....
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04
jan
Se alguém se der ao trabalho de ler os muitos volumes da “História em Revista”, da Time-Life Books, começando na era dos reis divinos e chegando à contemporaneidade, ficará com a impressão de que a história do homem nesses 5000 anos não passou de uma...
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12
dez
O que faz o Baile do Menino Deus ser único na cena natalina brasileira é o seu projeto de resgatar várias formas de celebração do Natal, que sobreviveram e se guardaram apenas no Nordeste do Brasil. Reisado, lapinha, pastoril, cavalo marinho, guerreiro, chegança, boi de reis, quem...
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03
out
As pedras queimam as solas dos meus pés. Os tênis de nada servem; melhor seria calçar botas de couro. Talvez eu não tombasse à direita e à esquerda, igual a câmera nas mãos de um cinegrafista inexperiente, deixando vazar a luz para a película, cegando...
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01
ago
Dona Madalena foi quem me contou a história. No tempo em que eu tomei por obrigação conhecer e registrar os brinquedos populares de Recife, armado de um pequeno gravador e de uma máquina fotográfica. O meu parceiro Bérgson Queiroz preparou uma lista de vinte perguntas,...
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25
jul
Na festa em que não conheço ninguém, o anfitrião me senta ao lado de um casal, imaginando afinidades. Apresenta-me como um literato nordestino – meu Deus! –, e remexe na memória em busca de algum título que possa ilustrar-me. Depois de um esforço que me...
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25
abr
Com certeza, não foi na biografia de Gabriel García Márquez “Viver para Contar” onde li a história de um menino que, ao perder a mãe, teve como primeiro sentimento o de que nunca mais comeria arroz doce, porque era ela quem cozinhava o seu prato...
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06
abr
Cândido Pinto morreu.
Lembrei a Milonga de Manoel Flores, do poeta Jorge Luís Borges: morrer é um costume que sabe ter toda gente.
Poucos conhecem Cândido Pinto, nos dias de hoje. Mas na década de 1960, quando agitava o meio estudantil com o seu...
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27
mar
Eu tinha doze anos em 31 de março de 1964. As lembranças que marcaram uma geração de brasileiros não possuem nenhum romantismo, apenas dor e desejo de reparação e justiça. Para mim, uma criança na época, elas são imagens fragmentadas como as do filme Amarcord,...
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