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foi ativado muito cedo. Isso geralmente é um indicador de que algum código no plugin ou tema está sendo executado muito cedo. As traduções devem ser carregadas na ação init
ou mais tarde. Leia como Depurar o WordPress para mais informações. (Esta mensagem foi adicionada na versão 6.7.0.) in /home1/ronaldoc/public_html/site2/wp-includes/functions.php on line 6121Mat\u00e9ria publicada no Caderno Mais, do Jornal do Commercio, 30 de novembro de 2014.<\/p>\n
Por Mateus Ara\u00fajo<\/em><\/p>\n Na primeira vez que viu uma\u00a0popular, o escritor\u00a0Correia de Brito\u00a0se encantou. Tinha sete anos, ainda\u00a0morava no Crato, Sert\u00e3o cearense,\u00a0quando as cores, as m\u00fasicas e os personagens\u00a0da encena\u00e7\u00e3o da lapinha\u00a0lhe chamaram a aten\u00e7\u00e3o de tal maneira\u00a0que nada visto ali foi esquecido at\u00e9\u00a0hoje. A semente plantada na inf\u00e2ncia\u00a0germinou no adulto. Autor de uma literatura\u00a0contempor\u00e2nea, Ronaldo\u00a0reescreveu no seu teatro esse universo\u00a0na\u00eff e particular das nossas entranhas\u00a0geogr\u00e1ficas de maneira a romper\u00a0barreiras regionais e tamb\u00e9m do\u00a0tempo.<\/p>\n O Baile do Menino Deus, escrito em\u00a01981 e encenado pela primeira vez\u00a01983 no Teatro Valdemar de Oliveira,\u00a0\u00e9 um exemplo disso: dramaturgia\u00a0que fala a l\u00edngua do Nordeste ao mesmo\u00a0tempo em que reencontra a identidade\u00a0brasileira. A pe\u00e7a, conhecid\u00edssima\u00a0entre os recifenses e montada\u00a0em todo o Pa\u00eds, revela o Brasil e a cultura\u00a0popular apresentados a Ronaldo\u00a0por Maria Luiza, empregada da casa\u00a0onde ele viveu a inf\u00e2ncia. \u201cMaria Luiza\u00a0me levou \u00e0 ladeira do semin\u00e1rio\u00a0para ver a lapinha, a representa\u00e7\u00e3o\u00a0do nascimento do Menino. Havia pastoras,borboleta, beija-flor, ciganas,\u00a0caboclinhos, boi, burrinhas, Reis Magos.\u00a0Foi uma experi\u00eancia teatral que\u00a0me marcou profundamente. At\u00e9 hoje\u00a0sei quase cem m\u00fasicas\u201d, conta o cearense\u00a0que em parceria com Assis Lima\u00a0escreveu a Trilogia das festas brasileiras,\u00a0unindo o Baile a Bandeira de\u00a0S\u00e3o Jo\u00e3o e Arlequim.<\/p>\n Em 2014, o Baile do Menino Deus\u00a0comemora dez anos de encena\u00e7\u00e3o no\u00a0Marco Zero. De produ\u00e7\u00e3o grandiosa\u00a0(s\u00e3o dezenas de profissionais envolvidos,\u00a0al\u00e9m de enorme cen\u00e1rio e camarim),\u00a0a montagem re\u00fane um p\u00fablico\u00a0de 60 mil pessoas a cada nova edi\u00e7\u00e3o.\u00a0\u00c9 um dos maiores eventos c\u00eanicos do\u00a0Recife, equiparando-se, em grandiosidade,\u00a0\u00e0 superprodu\u00e7\u00e3o da Paix\u00e3o de Cristo de Nova Jerusal\u00e9m, em Fazenda\u00a0Nova, Agreste.<\/p>\n A cada fim de ano, o Baile convida\u00a0a sociedade a repensar tamb\u00e9m um\u00a0tema atualmente em voga: a ocupa\u00e7\u00e3o dos espa\u00e7os p\u00fablicos pelo povo\u00a0(de todas as classes), reafirmando o\u00a0valor natalino t\u00e3o esquecido em tempos\u00a0de falsas recria\u00e7\u00f5es desses espa\u00e7os. O espet\u00e1culo \u00e9 da rua, do povo e\u00a0de todos os recifenses.\u00a0O auto natalino \u2013 que narra a saga\u00a0de dois Mateus (brincantes do cavalo marinho)\u00a0em busca da casa onde nascera\u00a0o Menino Jesus para, em frente\u00a0a ela, fazerem uma grande festa \u2013\u00a0congrega in\u00fameras manifesta\u00e7\u00f5es da\u00a0nossa cultura popular. Leva ao palco\u00a0personagens que habitam um imagin\u00e1rio\u00a0de cores e sons do nosso povo,\u00a0o mesmo universo que encantou Ronaldo.<\/p>\n \u201cEu sempre vivi dentro da cultura\u00a0popular. Atr\u00e1s da casa de meus pais\u00a0morava um mestre de reisado. E eu\u00a0via o reisado. Eu sei todas as\u00a0sequ\u00eancias do reisado. \u00c9 a m\u00fasica\u00a0mais linda do mundo. Na minha porta,\u00a0no interior, passava, na Semana\u00a0Santa, o Judas em cima do jumento\u00a0para ser malhado; e na festa de Nossa\u00a0Senhora da Penha descia o pau da\u00a0bandeira, uma festa b\u00e1quica. Eu viva\u00a0exatamente todos esse ciclos, at\u00e9 sair\u00a0do Crato, aos 17 anos.\u201d<\/p>\n O sucesso e a beleza do Baile do\u00a0Menino Deus est\u00e3o justamente nesta\u00a0identifica\u00e7\u00e3o que o povo brasileiro\u00a0tem com o Natal ali apresentado.\u00a0Longe, muito longe dos estere\u00f3tipos\u00a0norte-americanos que pululam na\u00a0nossa cultura, nos trazendo uma festa\u00a0de neve, com\u00e9rcio e figuras distantes\u00a0da nossa realidade, a obra de Ronaldo\u00a0e Assis desperta a saudade de\u00a0um passado nosso e nos reacende o\u00a0olhar para aquilo ainda (por sorte)\u00a0guardado nos morros, nas periferias\u00a0e no interior: a cultura popular pulsante\u00a0e reinventada sempre.<\/p>\n O Baile do Menino Deus leva \u00e0 cena,\u00a0a cada edi\u00e7\u00e3o cerca de 200 profissionais,\u00a0entre artistas e t\u00e9cnicos, de\u00a0v\u00e1rias idades e linguagens art\u00edsticas.\u00a0O cantor e compositor Silv\u00e9rio Pessoa\u00a0\u00e9 um dos que integram o elenco\u00a0do espet\u00e1culo, h\u00e1 dez anos, sendo solista.\u00a0\u201cO Baile representa para mim\u00a0uma possibilidade de apresentar esse\u00a0perfil do artista p\u00f3s-moderno, de\u00a0v\u00e1rias vertentes. No meu caso, n\u00e3o\u00a0atuo apenas na \u00e1rea musical, mas em\u00a0outras. O Baile trabalha a m\u00fasica, a\u00a0religi\u00e3o, com dan\u00e7a, teatro. Me sinto\u00a0mergulhado numa atividade plural\u201d,\u00a0conta Silv\u00e9rio<\/p>\n \u201cA rela\u00e7\u00e3o da pe\u00e7a com a cidade\u00a0tem um simbolismo efetivamente inserido\u00a0na religiosidade popular. E esse\u00a0aspecto h\u00edbrido, de dialogar a religiosidade\u00a0popular a partir de um s\u00edmbolo,\u00a0mas trabalhando atrav\u00e9s do\u00a0olhar da cultura do lugar, \u00e9 uma coisa\u00a0que preservo muito no meu trabalho Acho isso de uma simbologia\u00a0exemplar\u201d, acrescenta.<\/p>\n No espet\u00e1culo, os Reis Magos s\u00e3o\u00a0os reis do maracatu; enquanto as coreografias\u00a0exploram passos do frevo,\u00a0maracatu, bumba meu boi. Al\u00e9m disso,\u00a0o Cristo \u00e9 ninado pelo Jaragu\u00e1,\u00a0personagem m\u00edtico e m\u00e1gico da brincadeira\u00a0popular nordestina.\u00a0O que faz do Baile um espet\u00e1culo\u00a0especial para Silv\u00e9rio tamb\u00e9m toca a\u00a0professora Rita de C\u00e1ssia Almeida,\u00a054 anos. Durante 10 anos que coordenou\u00a0a educa\u00e7\u00e3o fundamental de uma\u00a0escola particular do Recife, Rita de\u00a0C\u00e1ssia mobilizou alunos de 10 a 12\u00a0anos para encenarem, no final do\u00a0ano, o texto de Ronaldo Correia de\u00a0Brito e Assis Lima. \u201cA nossa ideia\u00a0sempre foi fazer uma festa de Natal\u00a0nossa, com nossa cara, nosso jeito,\u00a0nossas tradi\u00e7\u00f5es. O Baile do Menino\u00a0Deus foi montado durante esses dez\u00a0anos que foi coordenadora. E a cada\u00a0ano o encanto se renovava. N\u00e3o s\u00f3 as\u00a0crian\u00e7as descobriam as nossas raizes\u00a0com os pais e av\u00f3s se redescobriam\u00a0com as brincadeiras\u201d, lembra ela.<\/p>\n At\u00e9 hoje Rita \u00e9 apaixonada pelo espet\u00e1culo.\u00a0Ela leva agora seus netos,\u00a0todos os anos, para assistirem a apresenta\u00e7\u00f5es\u00a0no Marco Zero. \u201c\u00c9 um\u00a0evento p\u00fablico, que re\u00fane gente de\u00a0todas as classes, idades, bairros. E \u00e9\u00a0um espet\u00e1culo bonito, puro\u201d, afirma\u00a0a professora. Assim tamb\u00e9m pensa\u00a0Silv\u00e9rio Pessoa, para quem o Baile\u00a0congrega as pessoas na celebra\u00e7\u00e3o\u00a0da esperan\u00e7a. \u201cTive exemplos emocionantes\u00a0de fam\u00edlias que n\u00e3o t\u00eam peru\u00a0ou ceia natalina, e para quem o\u00a0Natal \u00e9 estar ali, no Marco Zero, comendo\u00a0pipoca, assistindo ao espet\u00e1culo\u201d, diz o cantor. (M.A.)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Mat\u00e9ria publicada no Caderno Mais, do Jornal do Commercio, 30 de novembro de 2014. Por Mateus Ara\u00fajo Na primeira vez que viu uma\u00a0popular, o escritor\u00a0Correia de Brito\u00a0se encantou. Tinha sete anos, ainda\u00a0morava no Crato, Sert\u00e3o cearense,\u00a0quando as cores, as m\u00fasicas e os personagens\u00a0da encena\u00e7\u00e3o da…<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":373,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"content-type":"","footnotes":""},"categories":[8],"tags":[26,27],"class_list":["post-187","post","type-post","status-publish","format-standard","has-post-thumbnail","hentry","category-blog","tag-baile-do-menino-deus","tag-clipagem"],"yoast_head":"\nUma festa que tem a nossa cara<\/h3>\n